domingo, 24 de junho de 2012

Síndrome de Sonhos

     Sabe aquela impressão de já ter nascido "deste tamanho"? Eu sempre tive essa impressão. Lembro vagamente da minha infância. Como se ela tivesse passado muito rápido!
     Tô distraída cuidando das crianças na varanda. Elas são barulhentas. Mas por uns instantes tudo fica silencioso. E eu não sei o porquê. Só sei que posso fazer coisas incríveis, que nenhum dos outros humanos podem fazer. E eu sou caçada por isso.
     Me vejo cercada pela policia federal ou coisa assim. Vários carros cercam a casa. Tem até um helicóptero sobrevoando. Não sei como eles me descobriram aqui. Mas ainda sim eu não entendo. O que eu fiz? Umas magiquinhas de nada. Só isso!
    A mulher que parece comandar toda essa operação ou palhaçada, é a cara da Juliane Moore em Hannibal. Muito parecida mesmo! Atá a roupa é igual, o boné... Não é uma sósia. É a Juliane mesmo. Ou Clarice, sei lá.
    As crianças se assustam e gritam meu nome: Nina!!! Mas meu nome não é Nina. Enfim, ela gritam muito. Policiais armados tiram as crianças dali. Dou uma olhada numas certas ferramentas de jardinagem no chão. Armas brancas. Lâminas afiadas e pontiagudas. Uso meus poderes para levitar os objetos e lançar contra os policiais. Clarice percebe e diz que já machuquei gente demais.
     Me desconcentro e deixo tudo cair, me viro pra ela e pergunto como é possível eu ter machucado alguém. Sou estranha. Mas sempre fui uma boa pessoa. Ela disse alguma coisa sobre ondas eletromagnéticas causando acidentes em todo o estado. Inclusive um grave abalo na ponte Rio Niterói.
     Fico perplexa. Nunca tive intenção de machucar ninguém. Aliás, eu nunca fiz nada para prejudicar ninguém! Rastrearam as tais ondas eletromagnéticas e chegaram até mim. Não me perguntem como, eu mesma não consegui entender até agora.
    Estava prestes a me deixar capturar quando uma coisa mais estranha ainda aconteceu. Senti uma energia envolver o meu corpo e me puxar para cima. Olhei para o alto é havia uma luz muito forte. Tornei a olhar para baixo, e todos estavam boquiabertos. Eu simplesmente atravessei o muro e o teto.
     Que loucura! Só acreditei porque estava lá.
     Enquanto eu subia pelos ares a cidade ia sumindo embaixo dos meus pés. De repente uma gritaria. Gritaria e palmas. Muitas palmas. Agora estou sentada numa confortável poltrona de cinema. Tudo era um filme baseado no livro que escrevi.
     Pessoas me cumprimentam com fervor. Ainda estou meio zonza e sem entender o que está realmente acontecendo.
    E assim eu acordo.
    Pois é, esse foi mais um de meus loucos e inexplicáveis sonhos.